Dicas de Leitura

     
 

Dr. Tiago Baumfeld
Belo Horizonte /MG
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New Flexible Fixation for Subtle Lisfranc Injury: Historical Perspective Special Focus

Nery C.; Baumfeld, D. Techniques in Foot & Ankle Surg. 2019, May; 18(2):55-60

DOI: 10.1097/BTF.0000000000000230

Esse é um artigo que traz um conceito moderno e muito importante dos nossos colegas Drs. Caio Nery e Daniel Baumfeld. É praticamente uma guerra declarada entre os pesquisadores na literatura que defendem, para as lesões puramente ligamentares da articulação de Lisfranc, a artrodese primária ou tipos de fixação mais flexíveis. Nesse artigo os autores apresentam uma técnica de fixação flexível que visa realizar uma ligamentoplastia sintética dos ligamentos danificados com fitas de sutura de alta resistência. Apesar de ainda não existirem resultados clínicos publicados sobre essa técnica na literatura, o conceito defendido é que as fixações flexíveis permitem a manutenção do movimento de uma articulação que possui movimento e que fazem com que os ligamentos cicatrizem de forma mais fisiológica, evitando-se rigidez articular sem abrir mão da estabilidade local.

Radiographic Assessment of First tarsometatarsal Joint Shape and Orientation

 

Koury, K; Staggers, JR; Pinto, MC; Godoy-Santos, AL; Smyth, AN; Shah, AB; de Cesar Netto, C. Foot Ankle Int. 2019 Aug.doi.org/10.1177/1071100719868503

Esse é um artigo muito interessante dos nossos colegas Alexandre Godoy e Cesar de Cesar Netto. Há muito tempo, fatores que possam objetivamente identificar a instabilidade/ hipermobilidade da 1a articulação tarsometatársica (TMT) tem sido buscados na literatura. Essa busca é sem dúvida uma tentativa nobre de identificar aqueles pacientes que se beneficiariam de uma artrodese dessa articulação a fim de se evitar a recorrência do hálux valgo. Nesse sentido, vários grupos se utilizaram ao longo dos anos do grau de inclinação da 1a articulação TMT para tomar essa decisão. A novidade que esse artigo traz, com metodologia bem desenhada, é que mínimas alterações na posição do pé influenciam na avaliação da inclinação dessa articulação. Dessa forma, os autores concluem que esse tipo de avaliação para tomada de decisão cirúrgica no contexto do hálux valgo deve ser evitada, visto as limitações evidentes.

 

Anatomy of the insertion of the Posterior Inferior Tibiofibular Ligament and the Posterior Malleolar Fracture

Jayatilaka, LTM; Philpott, MDG; Fisher, A; Fisher, L; Molloy, A; Mason, L.

Foot Ankle Int. 1019 Aug. doi.org/10.1177/1071100719865896

Cada vez mais temos dado importância às fraturas do maleolo posterior, entendo-as mais como uma lesão ligamentar do que como uma fratura propriamente dita, o que tem justificado a fixação de muitas fraturas que no passado não eram fixadas. Esse artigo baseado em dissecções cadavéricas, entretanto, traz um contraponto ainda não debatido na literatura.

Nele, demonstrou-se que a inserção superficial do ligamento tibiofibular posterior inferior na tíbia é muito grande, muito maior que o tamanho médio dos fragmentos maleolares posteriores. Portanto, concluiu-se, a despeito do que tem sido pensado, que, para que uma fratura maleolar posterior cause instabilidade sindesmótica posterior, também deverá ocorrer uma lesão ligamentar associada.

 

Extraarticular Supramalleolar Osteotomy in Assymetric Varus Ankle Osteoarthritis

Krähenbühl, N; Akkaya, M; Deforth, M; Zwicky, L; Barg, A; Hintermann, B.

Foot Ankle Int. 2019 Apr. doi.org/10.1177/1071100719845928

Os artigos publicados pelo Dr. Hintermann são verdadeiros fenômenos. Apesar de ser um estudo retrospectivo e com baixo nível de evidência, essa talvez seja a melhor evidência disponível na literatura para sabermos em quais casos deve-se indicar uma osteotomia supramaleolar para correção de um alinhamento em varo. Esse estudo é um follow-up de cinco anos de 44 pacientes submetidos a osteotomia supramaleolar em tornozelos varos. O que ele nos traz é que os pacientes que ‘vão bem’ são aqueles com classificação de Takakura até 3a, com sobrevida do procedimento em cinco anos de até 93%. Por outro lado, ele nos demonstra claramente quais pacientes ‘vão mal’, e não deveriam ter sido submetidos a esse tipo de procedimento: os pacientes com classificação de Takakura 3b ou maior apresentaram somente 47% de sobrevida do procedimento aos cinco anos.