DEFESA PROFISSIONAL

     
 

O impacto do uso das mídias digitais no relacionamento médico-paciente

Dr. Marcelo M. Chakkour
São Paulo - SP

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A mídia digital é uma ferramenta efetiva na divulgação de informações médicas. Sua correta utilização é uma grande aliada na promoção da saúde, propiciando a disseminação de informações relevantes aos pacientes. Estudos recentes mostram que 80% dos pacientes utilizam a Internet para questões de saúde e 90% dos médicos usam plataformas de mídia social. (1,2) Além disso, entre as subespecialidades ortopédicas, os pacientes com queixas referentes ao pé e tornozelo têm a maior taxa de uso de mídia social (60%) (2,3).

A mudança na relação médico-paciente após a expansão das redes sociais é um fato. Devemos, no entanto, nos atentar às normas que regem tal relação para que sigamos os critérios norteadores da propaganda em medicina.

Perante a necessidade de esclarecer como o médico deve agir nessas redes para manter o profissionalismo e a ética, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, além do Código de Ética Médica, resoluções de orientação para os profissionais conforme listagem abaixo:

Resolução no 1.974/2011 – trata das regras gerais referentes à publicidade médica.

Resolução no 2.126/2015 – complementar à Resolução no 1.974/2011, alega ser vedada ao médico a publicação nas mídias sociais de autorretrato, imagens ou áudios que caracterizem sensacionalismo, concorrência desleal ou autopromoção.

Resolução no 2.133/2015 – altera o Anexo I da Resolução CFM no 1.974/2011, a qual aborda critérios para a relação dos médicos com a imprensa (programas de televisão e rádio, jornais, revistas), na participação em eventos e no uso das redes sociais.

Diariamente nos deparamos com ações e comportamentos on-line nas redes sociais que levam ao surgimento de impasses ético-profissionais. Um trabalho recente aplicou um formulário de questões para estudantes de medicina sobre suas atividades nas redes sociais e concluiu que um percentual expressivo dos participantes teve comportamentos, no âmbito on-line, contrários ao preconizado pelo Código de Ética Médica e Resoluções do Conselho Federal de Medicina. Além disso, a minoria dos estudantes afirmou ter a abordagem do tema nas respectivas escolas médicas pesquisadas (4).

Acreditamos que a falta de informação pode levar a utilização inadequada das mídias sociais e consequentemente levar a processos ético-disciplinares. É nossa responsabilidade zelar pelo nosso paciente e pela nossa profissão. Isso é bom para a medicina, para o paciente e para a sociedade.

  1. Varady NH, Chandawarkar AA, Kernkamp WA, Gans I. Who should you be following? The top 100 social media influencers in orthopaedic surgery. World J Orthop. 2019;10(9):327–38.
  2. Garofolo-Gonzalez G, Iturriaga CR, Pasternack JB, Bitterman A, Guyton GP. Social Media Use Among Foot and Ankle Orthopedic Surgeons. Foot Ankle Orthop. 2021;6(1):2473011420981926.
  3. Curry E, Li X, Nguyen J, Matzkin E. Prevalence of Internet and Social Media Usage in Orthopedic Surgery. Orthop Rev. 2014;6(3):5483.
  4. Souza E da S, Lorena SB de, Ferreira CCG, Amorim AFC, Peter JVS. Ética e Profissionalismo nas Redes Sociais: Comportamentos On-Line de Estudantes de Medicina. Revista Brasileira De Educ Médica. 2017;41(4):564–75.