MULHERES NA ORTOPEDIA

     
 

O avanço das mulheres nas diretorias regionais

Cada vez mais nota-se alguma ascensão das mulheres a cargos de maior destaque, o que demonstra a inegável necessidade de mudança na cultura da sociedade, oferecendo maiores oportunidades e mesclando a, até então, hegemonia dos homens na ocupação das mais diversas posições. Como sabido, a especialidade de Ortopedia e Traumatologia tem um histórico de maior presença masculina, com o estigma de que a atuação necessita de um maior esforço físico, seja para práticas cirúrgicas ou clínicas, uma vez que, biologicamente, as mulheres estariam em desvantagem. Apesar disso, os fatos demonstram que as mulheres estão cada vez mais presentes na especialidade, até então, maciçamente masculina.

Em breve pesquisa sobre a composição das mulheres nas diretorias da ABTPÉ, desde 2016 são poucos biênios com representatividade feminina, conforme registros disponíveis no endereço eletrônico da associação. No biênio 2020/2021, nota-se o início de nomeações das mulheres à frente das diretorias regionais, com a Dra. Oscalina Márcia Pereira da Silva representando a regional Nordeste 2 (SE, AL, PE). Já no biênio 2022/2023 houve o aumento significativo na presença feminina nas diretorias com a nomeação das colegas: Dra. Maria Helena Costa Vieira (Brasil Central), Dra. Ana Paula Pereira Plothow (PR- Capital) e Dra. Cíntia Kelly Bittar (SP 6). Portanto, percebe-se que a presença das mulheres frente as diretorias regionais ainda são muito tímidas.

Falando um pouco sobre mim, Ana Paula, sou formada em medicina, pela Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Pedra Branca, desde julho de 2013. A escolha pela ortopedia e traumatologia começou no último ano de medicina, na ocasião do estágio na ala de ortopedia e traumatologia do Hospital Regional de São José (SC). Desde então, despertei o gosto pela especialidade, decidindo trocar a especialidade inicialmente aventada de cirurgia plástica reparadora pela ortopedia. No ano de 2014 entrei no serviço de residência de Ortopedia e Traumatologia, do então Hospital Universitário Evangélico de Curitiba – HUEC (atualmente Hospital Universitário Evangélico Mackenzie – HUEM), terminando a especialidade no início de 2017.

Ainda na residência de ortopedia, até então estava decidia pela área de cirurgia da coluna. Seguindo o caminho da ortopedia e traumatologia, a subespecialidade do pé e tornozelo não foi a minha primeira opção, tampouco me imaginava na prática cirúrgica do pé, mas no final do primeiro ano de residência sofri um trauma raquimedular que evoluiu com radiculopatia leve, em membro superior direito, e tive que me adaptar a nova realidade (aprendi a escrever e a operar com a mão esquerda, quando necessário). Durante o meu ano de R2 instintivamente decidi que não era a área da coluna que eu iria escolher, quando despertei interesse na subespecialidade do Pé e Tornozelo.

Na subespecialidade do Pé e Tornozelo fui aprovada em dois serviços de Curitiba, optando pelo serviço do Hospital de Clínicas – UFPR (2017-2018). Ainda no ano R4 concluí dois cursos de cirurgia minimamente invasiva, nos quais conheci muitos colegas de profissão. Desde a conclusão na subespecialidade sempre participei de cursos e congressos, em busca de aperfeiçoar os conhecimentos técnicos.

Associado a ortopedia tenho atuado como Perita Médica judicial, em nível da justiça estadual e federal do Paraná. Atualmente trabalho no setor de reabilitação do Complexo do Trabalho – CHR, atuando na área voltada a órteses, palmilhas e calçados confeccionados sob medida. No setor da reabilitação estamos traçando planos para realização de simpósios com o intuito de troca de conhecimentos em novas tecnologias, busca de melhores técnicas para atender as necessidades dos pacientes e, ainda, objetivando ampliar os atendimentos de calçados e palmilhas para em outros locais.

Embora a especialidade de ortopedia ainda seja predominantemente de homens, fui muito bem acolhida, fazendo boas amizades. Assim como eu, outras médicas poderão ter seu espaço na ABTPé. A frase é antiga, mas sempre atual: “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis” José de Alencar (1829-1877).

 

Ana Paula Pereira Plothow
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